quinta-feira, 2 de agosto de 2012



Considerando-se que a sociedade atual é a sociedade do conhecimento, onde tudo é conectado a tudo, onde a possibilidade de acesso à informação é imediata e irrestrita, observamos um planeta habitado por milhões de pessoas que acessam diariamente, minuto a minuto, informações de hoje, de agora, de ontem e do passado mais remoto.
Uma análise breve e superficial nos levaria a crer que estamos no melhor dos mundos, no melhor momento possível alcançado pela humanidade. Afinal, basta ter acesso a um computador e à internet que podemos nos conectar a tudo e a todos! Mas o dia-a-dia mostra que não é bem assim. A vida cotidiana desnuda essa idéia, trazendo à tona a realidade efetiva. O que temos é a possibilidade infinita de acesso à informação. Apenas isso. E mais, com essa perspectiva temos a existência de um sentimento coletivo e individual que gera uma ansiedade sem par levando ao surgimento e crescimento de uma sociedade de seres humanos doentes, preenchidos por transtornos de ansiedades e depressão.  A sensação é: “não dá tempo. Não consigo acompanhar”.  “Preciso ver os jornais, ler os blogs, o que estão dizendo no twitter, você viu o face? Socorro!!!!!”, e por aí vai. E por que será que isso acontece?
Acontece porque não fomos e não somos preparados para tal revolução tecnológica e disseminação do conhecimento. A educação não acompanhou. A educação permaneceu engessada nos moldes do tradicionalismo onde o professor detentor do conhecimento, deságua a informação verticalmente guela a dentro de um aluno desmotivado e sem perspectiva de atuação. E a história se repete, num ciclo vicioso: o professor de hoje, aluno de ontem, recebeu sua formação neste molde e passa adiante, perpetuando o ciclo mecanicista onde decorar é a bola da vez. Bastam alguns anos na escola pública nacional para vivenciar essa rotina. Diante de salas de aula lotadas de alunos, recursos parcos, temos um professor cansado de uma rotina estressante, acumulando aulas nos três turnos do dia e noite para somar um salário minimamente “decente”. Engraçado é que esse mesmo professor menosprezado pela sociedade é quem vai preparar o futuro dentista, engenheiro, arquiteto, médico, empresário e político. Mas essa é outra discussão, ou melhor, é mais um aspecto do mesmo tema proposto, passível de análise e reflexão.
Voltando ao cerne da questão: estamos num momento rico da sociedade mundial, similar ao vivido no início do século XX, época da revolução pré-industrial e industrial onde a massa trabalhadora era explorada categoricamente por patrões ávidos de poder e riqueza. Essa sucessão de eventos culminou numa “marcha das multidões” em busca de melhores condições de trabalho, vida e sustento de suas famílias. Ações estas, representadas por greves deflagradas em todos os cantos da sociedade. No quadro “O quarto Poder” pintado por Giuseppe Pellizza da Volpedo, em 1901, temos um retrato do cenário político que marcou a Itália e o mundo daquela época.
O que temos hoje é um cenário de acirramento das características do passado, numa sociedade capitalista, voltada para economia de mercado onde a regra é quem tem mais poder e dinheiro pode mais. Una-se isso à evolução tecnológica e científica, e chegamos ao ponto inicial de nossa análise acima descrita.  Não é preciso muito esforço para reconhecer que se faz urgente e necessária a transformação da educação para uma educação que faça a diferença. Uma educação que acompanhe as teorias psicológicas e de aprendizagem ao longo do século passado e que se torne a prática efetiva nas escolas atuais. Uma educação que não apenas ensine a ler e a escrever, mas que vá além, que ensine a pensar! O que significa isso? Significa não apenas acúmulo de conceitos e história. Significa desenvolver no professor e no aluno competências e capacidade cognitivas. Capacidades adquiridas através de um pensamento de ordem superior, ou seja, de cooperação, troca, autonomia para assumir desafios para encontrar soluções para conflitos e problemas que se estabelecem no dia-a-dia profissional e pessoal do indivíduo. Trata-se, portanto, da Educabilidade Cognitiva! Uma aprendizagem significativa mediada por um gestor/ensinante que se relaciona com um sujeito aprendente num continuum de atividade de aprendizagem. Esse aprendente, mediado pelo ensinante desenvolve portanto capacidades cognitivas fundamentais para atuação no mercado atual, promovendo sua empregabilidade através de conhecimento, criatividade, inovação, resultando na solução de situações-problema com eficácia, garantindo a produtividade da empresa em que trabalha. Essa é a chave para se obter uma educação continuada de valor, significativa e de aplicabilidade com ação e foco em resultados.
A Educação Cognitiva, como concebemos hoje, no que tange ao embasamento teórico, está pautada na Teoria Histórico-crítica, numa concepção histórico cultural, e propõe uma aprendizagem significativa na perspectiva da teoria da atividade, onde temos um sujeito ensinante e aprendente, que a partir do seu repertório cognitivo  relaciona-se com os meios social, cultural, econômico, histórico desenvolvendo, evoluindo e aperfeiçoando sua capacidade cognitiva, onde prática-teoria-prática tornam-se agentes de um processo de evolução do sujeito e do coletivo, inseridos num contexto histórico e cultural. E não é à toa que grandes empresas já entenderam que investir numa educação de qualidade significa investir no que uma empresa tem de mais precioso: o capital humano, ou seja, investir no desenvolvimento do potencial humano de cada indivíduo que compõe uma organização. Afinal, liberar a criatividade de um indivíduo significa capacitá-lo para resolução de problemas, otimização de recursos, aumento de produtividade e, portanto, aumento do lucro. No entanto, não basta que as empresas tenham compreensão da importância e alcance de uma educação de qualidade, é preciso que o Brasil tenha esta clareza e mude sua forma de investimento efetivo na Educação. Não serão os 5% do PIB investidos atualmente que possibilitarão essa mudança tão fundamental para o desenvolvimento sustentável de nossa nação. Mas sim, uma elaboração de metodologias de uma nova Pedagogia. A pedagogia cognitiva se apresentando como a pedagogia contemporânea, atual e de valor que venha corresponder a uma sociedade borbulhante e carente de formação inicial e continuada, que sirva de base para políticas públicas de aplicabilidade real e irrestrita.

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